Mariana de Sousa Caires
Professor de Técnica em Reportagem e Entrevista do curso de Jornalismo na Unesp
de Bauru, Pedro Campos é amplo conhecedor do assunto retratado nessa primeira
reportagem do nosso espaço no blog: A Evolução do Telejornalismo.
Graduado em jornalismo
na UnB (Universidade de Brasília) em 1976, Pedro Celso Campos trabalhou em
grandes telejornais, como o Jornal Painel, de Brasília e o Jornal Hoje, ambos
da TV Globo. Concluiu seu Mestrado em Projeto,
Arte e Sociedade, na FAAC-Unesp-Bauru e tornou-se Doutor em jornalismo
Ambiental na ECA-USP. Nessa conversa, Pedro Campos conta sobre sua experiência em
telejornal e revela seu ponto de vista sobre as mudanças ocorridas na área.
REPÓRTER – Pedro, tendo em vista o processo de evolução do telejornalismo, em que ele melhorou?
REPÓRTER – Pedro, tendo em vista o processo de evolução do telejornalismo, em que ele melhorou?
PEDRO C. – O jornalismo evoluiu muito em decorrência dos avanços na tecnologia. Antes nada era gravado, então com tudo ao vivo os erros não podiam ser corrigidos. Portanto, o videotape foi um grande passo para a melhoria da qualidade do que é transmitido. Hoje o processo de edição é mais completo, o material recebe intervenções e é depurado.
Outra mudança importante foi no
Sistema de Transmissão. Não existia transmissão via satélite ou microondas. O
jornal era local, ao vivo, específico de cada praça. Mas isso também acabou
estimulando cada região a aperfeiçoar sua televisão.
No Governo Militar,
foi instaurado o sistema de microondas, na intenção de integrar o Brasil. Esta
foi uma estratégia de segurança nacional que facilitou a comunicação em rede,
mas também beneficiou algumas emissoras. O Jornal Nacional, por exemplo, foi
resultado desse processo e está no ar em rede nacional até hoje com seu grande
público. Depois, surgiu a transmissão via satélite, com alcance internacional e
além da integração, trouxe como importante mudança a retransmissão de material
na TV.
REPÓRTER – Professor, você tem algum exemplo de mudança nos jornais? Elas foram boas?
PEDRO C. – No começo, o jornal brasileiro
era mais formal, contando com uma bancada de uma só pessoa responsável por
ancorar o telejornal. Mas com o tempo nós adotamos o modelo americano de fazer
notícia. Então o jornalismo virou um entretenimento, muitos dos telejornais
passaram à forma de revista.
O que era um jornalismo sério
sofreu uma quebra de paradigma. O sistema com duas pessoas numa bancada dá
ambientação à notícia, hoje o telejornal é mais aberto, há uma cadeia de
ressonância entre os repórteres e os âncoras, eles têm muita comunicação em rede.
Este é um modelo interessante, o problema
é quando se perde a seriedade no jornal e o foco sai da notícia.
REPÓRTER – O senhor já trabalhou em grandes jornais, fale sobre a sua experiência.
PEDRO C. - Trabalhei como editor
no jornal painel, em Brasília, que ia ao ar à meia noite. Ele era de âmbito
político e por ser em Brasília, tinha muito a ver com a realidade da capital.
No jornal hoje o público era mais abrangente, mas como editor do núcleo de
Brasília eu podia fazer um jornal de serviço à comunidade, que dava um olhar
sobre a cidade.
REPÓRTER – Professor, o que falta no telejornalismo brasileiro?
REPÓRTER – Professor, o que falta no telejornalismo brasileiro?
PEDRO C. – O telejornalismo
brasileiro precisa ser mais bem pautado, pois muitas pautas de grandes
emissoras são uma bagunça. Eles têm que tem a noção de que precisam dar conta
dos assuntos mais relevantes do país como jornalistas. Além disso, o telejornalismo
regional precisa ser mais cuidadoso, já que o retorno é sempre imediato. Há
muitos escândalos que mancham a marca do jornalismo. Ele deve deixar de ser tão
exagerado e então ser mais a serviço da população. Principalmente, os jornais
deveriam ser mais livres, fugir de tantas ideologias e dos interesses de grupo
que tanto refletem nas noticias exibidas.
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